terça-feira, 5 de agosto de 2008

Erick Prince e a Blackwater


O pequeno Prince e a Blackwater: barbarização do exército bárbaro



Na gestão Bush o neo-liberalismo passou do limite que um estado pode suportar sendo ainda um estado. Privatizou-se a guerra. Mais de 170 empresas de soldados mercenários oferecem serviços atualmente no Iraque


Guardem esse nome: Erick Prince. Ainda ouviremos falar muito dele. Trata-se DO homem da Blackwater e ainda ouviremos falar muito dela também.
Esse rico, branco e cristão americano, acreditando que a iniciativa privada é sempre muito mais competente que o estado e sabendo que seu estado pensa da mesma forma constituiu um empresa privada de guerra, a Blackwater. Claro que ela não se auto denomina empresa de guerra, mas sim de segurança, da mesma forma que nenhum país possui ministérios do ataque e sim da defesa.
Ligada umbilicalmente ao movimento teocom - uma aliança católico-evangélica ultraconservadora – a Blackwater, segundo Prince, é como a espada de Jeremias, que reconstruiu o templo de Israel com a arma em uma das mãos e a colher de pedreiro na outra.
Trata-se de uma empresa que fornece treinamento e equipamento usados para invadir, ocupar, dissuadir e controlar com a eficiência que só os mecanismos de gestão podem oferecer. A empresa, com seu vasto portifólio, oferta também equipes já treinadas e equipadas para a ação. Seus integrantes são recrutados na América latina, Sudeste Asiático, África ou em qualquer outra parte.
Ocorre, porém, que o governo Bush, amigo do clã e entusiata dos valores de Prince, passou a fazer uso imodesto dos referidos préstimos. Esse era mesmo o propósito do Secretário de Defesa Donald Rumsfeld: desburocratizar o uso da força e, para isso, Bin laden deu sua grande contribuição em 2001.
No começo, agentes de segurança eram treinados nas instalações da Blackwater. Logo, corpos policiais também. Não tardou pra que militares seguissem o mesmo rumo. Finalmente, firmou-se um contrato entre a empresa e o General Services Administration em que diversos serviços e produtos estavam pré-aprovados pelo governo para serem consumidos pelas agências federais. Depois do 11 de Setembro, Prince só precisou contar os dividendos.
No Iraque, por exemplo, é a Blackwater quem cuida da proteção de todas as "autoridades da reconstrução". Prince gaba-se de cumprir a tarefa para a qual foi contratado com absoluta competência, nenhuma autoridade sob sua proteção sofreu baixa, zero killed, ok. O mesmo não pode ser afirmado sobre civis iraquianos, mas isso é uma contingência para o cumprimento do contrato. Qual autoridade americana no Iraque se queixará disso?
É por essa razão que as barbaridades cometidas pelos funcionários da Blackwater ficam por isso mesmo. Servidores privados trabalhando para os Estados Unidos no Iraque gozam de imunidade prevista na chamada Ordem 17. Nem à Côrte Marcial eles são levados, já que os militares têm seus próprios problemas, não sobrando esforços para dispender com investigações e julgamentos de gente que nem pertence à corporação.
Por falar em barbaridades, aprendia-se na escola que um dos fatores para o declínio do Império Romano, além do esgotamento do Modo de Produção Escravista foi a barbarização do exército. Guerreiros de diversas tribos deixaram de combater pela glória da cidade eterna e passaram a fazê-lo apenas em troca de soldo. Fizeram por Roma enquanto Roma pôde pagar.
Diz alguma teoria que um estado para existir precisa possuir ao menos os monopólios da violência, da lei e do tributo. Mesmo com as recentes intervenções no setor imobiliário, o estado americano míngua e o crescimento da Blackwater mostra que suas últimas escoras começam a ser roídas.