Não tenho dúvidas quanto ao histrionismo e a boa dose de fanfarronice latina do camarada Hugo Chaves. Acho, inclusive que o caminho adotado por ele e para a Venezuela é sim um caminho de risco. Como de resto sempre foram todos os caminhos trilhados pelos países latinoamericanos, mesmo aqueles ditos seguros, vide o do Consenso de Washington a partir dos anos noventa. O de Chaves pelo menos não é tão estreito, permite que os miseráveis aos menos tentem caminhar também; além disso parace também um pouco mais digno. Mas gostaria de chamar a atenção para o significado e para a seriedade dos últimos acontecimentos internacionais envolvendo Colômbia, Equador e Venezuela. Talvez porque fale sempre e as vezes demais, Hugo Chaves não esteja conseguindo comunicar convincentemente suas preocupações que são absolutamente legítimas e que deveriam mobilizar toda a América Latina: a Colômbia é mesmo um fantoche dos EUA.
Não me atrevo a defender as FARCs em seus meios, porém a satanização do movimento; a recusa colombiana em buscar um entendimento; e a cristalização de um senso comum, segundo o qual, os "narcoguerrilheiros" devem mesmo ser exterminados estão servindo para fazer da Colômbia uma cabeça-de-ponte na América Latina para o poder militar norteamericano. A recente invasão do Equador pelos militares colombianos para matar Raul Reyes demonstra o grau de interatividade entre Colômbia e EUA, quer seja pela postura prepotente, pelos princípios (ou falta deles) demonstrados, ou pelos recursos e tecnologia empregados na ação.
O governo Álvaro Uribe embora eleito democraticamente pelo povo da Colômbia, não tem o direito de comprometer a segurança e a soberania do continente sob a desculpa de que lida com o terrorismo interno, nesse caso, novamente está certo Hugo Chaves, as FARCs são também problema nosso e não precisamos de uma Israel na América Latina. Não sei se Chaves já chegou a dizer essa última frase, em todo caso estou certo de que não discordaria de mim.
sexta-feira, 7 de março de 2008
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