Quero crer que os principais envolvidos e egrégios diplomatas têm tudo isso que eu vou dizer em conta, mas, por via das dúvidas, não custa externar.
Não acredito que as FARCs pensem mesmo na possibilidade de tomar o poder na Colômbia para, então, finalmente implantar o seu projeto; nem acho que exista mais de fato um projeto e esse é um dos problemas. Escondida no passado distante a quimera de uma sociedade mais justa, a guerrilha – como aconteceu em El Salvador ou Nicarágua – tornou-se um modo de vida para muitos colombianos. Quando digo modo de vida, quero dizer que muita gente que ali se encontra, não está por convicção política ou por ideologia, mas sim porque é onde têm seus laços afetivos, suas memórias, seu reconhecimento social, sua ilusão de segurança e seu prato de comida. São homens e mulheres; crianças, jovens e velhos vagando sem perspectiva pelas selvas e fazendo a única coisa que sabem fazer: combater.
Só consigo vislumbrar dois caminhos para a paz: um deles é a busca do entendimento mínimo associado a um processo cuidadoso de reintegração social, como é necessário fazer depois de uma guerra. O entendimento mínimo pressupõe reconhecer que boa parte das demandas que originaram as FARCs eram e continuam sendo legítimas e a reintegração necessita, além de políticas públicas, sincera disposição para a reconciliação nacional. O outro caminho é a guerra de extermínio, que exige menos inteligência e humanidade além ser mais rentável para quem lucra com as mazelas do mundo.
Nesse segundo caminho estão o presidente Álvaro Uribe, os EUA, a Revista Veja e a maior fatia da classe média brasileira, por exemplo.
Só não estou muito certo sobre qual o real significado e o real valor da paz para quem, por interesse, ignorância ou preguiça trilha esse caminho.
segunda-feira, 17 de março de 2008
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