quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Os Thibault

Estou economizando as páginas do quinto e último volume de Os Thibault de Roger Martin du Gard. Embora o autor tenha sido Nobel de Literatura em 1937, sua obra não goza no Brasil, nem no meio literário, de grande prestígio. Certamente é mais glamuroso fazer qualquer citação de No Caminho de Swann de Marcel Proust, para ficar nos franceses, do que de Os Thibault. É verdade que são coisas bem diferentes, é verdade também que Proust é capaz de prodígios literários em cada sentença. Mas acho curioso que uma obra como a de Roger Martin, tão envolvente, profunda e despretenciosamente elegante, seja tão pouco conhecida. Se não existisse grande mérito no estilo competente, ainda assim restaria a história e a psicologia daquele que talvez tenha sido o maior drama vivido pela humanidade: a Primeira Guerra Mundial.
O Autor consegue recompor, a partir da história de dois irmãos, os dias que antecederam a grande guerra. Sonhos, valores e instituições de uma época vão sendo sugados, lenta e indefensavelmente por um imenso e implacável triturador cujo acionamento parece não ter autoria. Apetites econômicos disfarçados, tunfos diplomáticos, patriotismo ignóbil, apatia socialista e densas relações humanas caminham juntos até o ponto sem volta em que todos são indistintamente dilacerados pela guerra. Em meio a tudo isso Jacques Thibault busca meios para fazer repercutir a simples e brilhante idéia de que não precisa ser assim se nós não quisermos.
Por reavivar essa esperança e pela inesquecível lição de história Os Thibault são trapo de fina tecelagem.

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