
A segunda chamada, porém, é que suscita reflexão mais profunda. Impossível pensar essa publicação sem lembrar do êxito editorial rescente de "Quando Nitzsche Chorou" e "A Cura de Shopenhauer", entre outros. Simples "tendência" do mercado editorial: Breuer, Nitzsche, Freud, Shopenhauer, Jung e Ferenczi, como personagens de romances de fácil leitura? Talvez, embora o termo "tendência", para mim, nunca tenha esclarecido nada, a não ser a constatação do fenômeno e a indisposição para se refletir a respeito. Tenho a impressão de que, na verdade, estamos agora somatizando os traumas sofridos na infância, nos primórdios da nossa relação com as letras e com a ciência. Infelizmente a geração que consome, lê e manda não foi preparada para o desfrute estético que a literatura pode ofertar, nem tampouco foi provocada em sua curiosidade científica sobre o próprio homem e suas possibilidades. Resulta disso uma relação com os livros, quando há, que não é nem estética, nem científica e nem muito funcional, talvez no máximo uma forma respeitada de matar tempo e, quem sabe, possível de ser capitalizada socialmente.
De volta à Interpretação do Assassinato, devo dizer que como defunto, pode ser bom, mas, como livro, é bem ruim. A trama é quase infantil, lembra um pouco os desenhos do Scooby-Doo. O texto não obriga o leitor ao dicionário mais do que duas vezes. Os personagens, com uma ou outra excessão, são feitos de uma casquinha muito fina e os diálogos, que poderiam fazer a diferença, já que, segundo o autor estão baseados em muita pesquisa sobre a real visita de Freud e Jung aos EUA, são didáticos em nível primário. Não é literatura, nem Psicanálise, nem História, mas 800 mil livros já foram vendidos no exterior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário