segunda-feira, 10 de março de 2008

Persépolis – Antiga capital do Império Persa

Veja Persépolis. Trata-se de uma animação que narra a trajetória da iraniana Marjane Satrapi desde a infância durante a ditadura do Xá Reza Pahlev, até o exílio após a devastação moral e estrutural provocada pela Revolução Islâmica e pela guerra Irã x Iraque.
Assistir ao filme é uma experiência de muitas sensações. Antes de tudo é um presente para os olhos; aquilo que parece um desenho animado simples como os do pica-pau, vai aos poucos se transformando em vida real, em poesia, em ciranda, em magia. É simplesmente encantador. Uma história bruta contada com delicadeza e maturidade é outra raridade que Persépolis oferece; percebi que minha mulher derrubava suas lágrimas, mas um pouco de sorriso não lhe abandonava o perfil. Por fim, a animação dirigida por Vincent Paronnaud e pela própria Marjane Satrapi permite refletir sobre os muçulmanos normais, ou seja a grande maioria deles que, assim como a grande maioria dos católicos não realiza a auto-flagelação, também não praticam o Jihad e tampouco tem tanto apreço pelo véu e pela palavra do profeta.
Deixemos para as minorias radicais de cada lado as acusações apaixonadas. Felizmente a relação das maiorias com a sua religião é mais ou menos vagabunda em todos os cantos.

Um comentário:

Túlio Cézar Salerno Valdo disse...

"Felizmente a relação das maiorias com a sua religião é mais ou menos vagabunda em todos os cantos."

Achei interessante essa colocação.

E dei uma irônica risada ao terminar de ler isso, porque eu lembrei daquele caso (em 2005, senão me falhe a memória.) da mulher nigeriana que seria condenada ao apedrejamento porque simplesmente arrumou um namorado - e sim, a moça era viúva.

Em meio às pressões de grupos internacionais de direitos humanos, jornalistas, intelectuais e chatos de plantão, o governo nigeriano revogou a sentença da mulher.

Professor, só não ache que eu usei o exemplo para que possa ilustrar bem o que trata "Persépolis" ou a sua colocação...

Falando à imprensa sobre o caso, a mulher nigeriana dizia que acreditava na justiça de Deus e tudo que se é feito na Terra vem da vontade divina.

Só quis justifcar meu riso irônico. Eu diria que a relação mais ou menos vagabunda com a religião pode ter uma tênue linha entre a piada do vigia noturno que dorme no emprego porque o patrão não está...