terça-feira, 11 de maio de 2010

Inocentes (in) úteis, por favor não encaminhem!


 

Algumas pessoas, como eu, ainda conseguem compreender a política como uma coisa séria e grave. Não digo que seja um jogo limpo ou honesto, não mesmo, mas entendo que gostemos ou não da forma como é praticada, a política traz consequências que impactam concretamente nossas vidas. Percebo, contudo, que para um grande contingente de pessoas as eleições, coligações, candidatos e discursos políticos não são diferentes dos casos extra-conjugais de celebridades, dos lances polêmicos do futebol e das piadas sem graça do dia a dia. Tudo serve para entreter e desviar os indivíduos da árdua e, impossível para alguns, tarefa de pensar autonomamente - como sempre deve ser o pensar - a respeito da responsabilidade de cada um sobre a própria vida e sobre a sociedade em que vivemos. Nesse sentido, quem não é inocente e nem parvo, no meu entender, deveria agir com o mínimo de atenção para com as questões políticas. Mais ainda para com o papel que desempenha em sua dinâmica ao se prestar a determinados serviços.
Digo tudo isso tendo em mente uma moda bastante em voga nesses tempos de internet e de eleições. Vira e mexe, chega à caixa postal um e-mail "encaminhado" contendo falas descontextualizadas; ironias preconceituosas ou mentiras deslavadas, quase sempre muito mal escritas, sobre algum candidato. Até aí, nenhum problema, a democracia pressupõe liberdade inclusive de má expressão e, suponho assim, de "encaminhamento" também. Minha questão surge quando verifico que o encaminhador é alguém que obviamente tem o meu e-mail e que, supostamente, goza de alguma das modalidades da minha simpatia, afinal não me chegam tais mensagens das Casas Bahia.
Impossível conter um certo desapontamento. Se o entusiasta da bobagem é um militante, posso até compreender que no afã de ajudar seu candidato compactue com esses métodos baixos e despolitizantes. Compreendo, mas me desaponto. Acontece que não acredito que as mensagens sejam encaminhadas por militantes convictos de sua baixeja. Nesse caso, apenas me desaponto. Questiono, automaticamente, ou a inteligência, ou a idoneidade daquele que tem meu endereço em sua lista. Às vezes questiono ambos e gostaria que meu nome não estivesse lá. Não é pelo conteúdo da mensagem que acabei lendo, mas pela constatação de que o sujeito é mais um dos que não entendem a complexidade da política, não entende que está prestando um desserviço e, pior, não entende que eu sou um dos que entende tudo isso. Burrice ou inocência que minha vaidade intelectual tende a não perdoar. Resultado: "bode" de alguém que eu nem conheço direito, ou às vezes conheço.
Peço, então, que você olhe se estou em sua lista cada vez que for encaminhar um desses e-mails políticos sobre o qual não pensou detidamente a respeito.
A divergência ideológica não me faz desprezar pessoas, mas sua pobreza de espírito sim. Não sou cristão.
Não que o meu desprezo signifique ou não signifique muito. Mas acho que outras pessoas mais significativas podem pensar de forma parecida.

2 comentários:

Newton Duarte Molon disse...

Caro Jo, essas imagens são apenas para preencher o vazio. Não se acanhe e nem se obrigue.
Um abraço.

Unknown disse...

Newton, desculpe a falta de contato, tenho estado absolutamente sem tempo por conta de solicitações alheias às minhas atividades normais. Hoje li sua postagem mais recente e acrescentei a imagem. É a mais literal que já fiz para este blog, mas traduz bem o teor do texto. Por curiosidade resolvi ler os novos comentários, me deparei com este e por esse motivo respondo por aqui. Tenho idéias para as que deixei de fazer e, brevemente, poderei colocá-las também. Grande abraço.