segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Banco de horas


Já pensou se essa história de banco de horas servisse também para outras coisas mais legais do que o trabalho? Por exemplo: suponha que, a mesma lógica de trabalhar mais hoje para poder não trabalhar algum dia, também valesse para que, ao final da vida e diante da morte, você pudesse descontar tudo que deixou de fazer. Seria assim: deixei 4 anos, oito meses e sete dias de desfrutar a companhia dos amigos; então tenho agora, antes de morrer, direito ao mesmo tempo só para fazer isso. Somando tudo, foram 14 meses e quatro dias sem tempo para brincar com o gato, agora quero esse tempo só para viver com o bichano. Não tive tempo e nem paciência para conviver harmoniozamente com meus pais desde os dezesseis anos; agora terei. Deixei de entender os outros, tentando explicá-los, metadade da minha vida; preciso agora dessa metade de volta. Transei sem muito desfrute setenta por cento das minhas transas, mereço agora gozar intensamente todas as horas desperdiçadas. Deixei de falar, de apreciar, de reconhecer, de rir, de relevar, de admirar e de reconhecer minhas próprias falhas quase toda minha vida, quero então quase toda ela em crédito.
Seria ótimo! Mas esqueça: para a vida não há banco de horas.

2 comentários:

Unknown disse...

Olá, Newton

Meu nome é Paula, trabalho na Companhia das Letras, tudo bem? Desculpe invadir esse seu espaço, mas pesquisei na internet por algum endereço de email seu e não achei nada, então comentar no seu blog foi a única opção.
Enviamos pelo correio um demonstrativo de royalty referente ao livro do Reinaldo Montero para o seu endereço, mas o envelope foi devolvido. Você poderia, por favor, me informar o seu novo endereço? Obrigada! E desculpe mais uma vez pela intromissão.

Abraços,

Paula

PS: Belíssimo texto!

Unknown disse...

Ah, desculpe - por favor, me escreva para paula.barros@companhiadasletras.com.br.

Obrigada!