sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Amado leitor

Não sei se é verdade, mas uma vez li em algum lugar que numa entrevista, ao ser perguntado por que é que escrevia, Gabriel Garcia Marques respondeu que escrevia para que seus amigos gostassem ou continuassem gostando dele. Se é mentira, ou se entendi errado, pouco importa, acho que é a mais humilde e sincera confissão que um escritor pode fazer. E, mesmo que a crítica literária julgue uma razão menor para escrever, essa é a minha razão também, vou na cola. Interpreto a possível fala de Garcia Marques de forma que pode parecer menor ainda: escrevo para que aqueles que eu gosto, também gostem de mim; para, quem sabe, ofertar-lhes algum outro motivo de adimiração e, assim, desesperadamente, tentar garantir o necessário afeto. Bobagem, eu sei, pois não se garante afeto. Insegurança, eu sei, pois pessoas resolvidas não mendigam afeto. Prostituição artística, eu sei, pois a arte deve ser livre. Fazer o quê? É assim no meu caso. Se o que escrevo agrada alguém outro, pode ser um bonus. Se desagrada ou é indiferente a quem eu amo, só sigo por disciplina, por teimosia, por lamento, por raiva, ou pela esperança de conseguir recobrar meu fundamental destinatário.
Foi pensando assim, sentindo assim, sendo correspondido assim que começamos esse blog anos atrás e é dessa mesma forma que eu quero continuar com ele. Se houve algum desvio no percurso, peço perdão, foi por puro desalento.

3 comentários:

Tchelo disse...

Feliz em ter descoberto o blog do melhor professor que tive nos tempos de Cásper. Digo isso porque, mais do que aprender o que devia ser aprendido, suas aulas eram (e certamente continuam sendo) uma grande troca de experiências, o que as tornavam muito mais interessantes e cativantes. E vejo que o blog é meio que uma extensão disso que não tenho mais, uma espécie de canal que me leva de volta às suas aulas.
Aos poucos, estou lendo e gostando de todos os textos (se servir como bônus).
E concordo sobre o motivo pelo qual escrevemos. Também escrevo por isso, talvez todos sejamos assim.
Grande abraço, Newton!

Alessandro Lima disse...

Muito bom!

Eu acho que eu escreo na esperança que minhas palavras possam libertar alguem de alguma coisa que o(a) prende. Escrever é uma dádiva. Você abdica de tudo o que existe e procura uma saída nova, uma vontade nova...

um conto meu >> http://recuerdosdecaracas.wordpress.com/2009/02/03/sindicato-dos-buddypokes/

Estou agora tentando escrever um romance criminal... Stieg Larsson inspira... se nao leu ainda, recomendo...

Abraço do amigo Ale Lima!

cr brasil disse...

Caro Amigo.

Você daí escreve e eu, leitor, daqui leio.
Fecha-se um ciclo. Começo, meio e fim. Definitivo e por vezes transformador.

E aponto neste texto o embrião das evidências que duramente o "Seu Primo Americano" reacendeu.