terça-feira, 19 de outubro de 2010

Viver é perigoso, escrever também


"Viver é perigoso" como dizia Riobaldo em Grande Sertão: veredas. Ou seria cumpadre dele Quelemém quem dizia? Não sei mais e não vou checar! Ficou para mim como se fosse Riobaldo a dizer e não faz diferença, afinal o próprio personagem viveu enganado até o fim da história. Mas, que viver é perigoso, lá isso é. Escrever também.
É coisura traz coisura que apoquenta o pensar do sujeito de pensar pensante. Desverdades ementirantes que desarretam o caminhar em pé do bicho que faz que vai, num vai, mas num fica de falta de ir. Gôsto que noitece gostoso, manhece dissaboroso, ressegosta dispois, daí foge do se saber gostar. Querência dessabida, sabida e despedida. Tiro que regaça o preá no ricocheteio do trabuco ferrujoso pontado pro jacu de asa abraçosa. Palavra maldizida com doutoragem de bendição. Contra-covardia em noite de festar paziguidão e descoragem de valentar a eniminguisse do excumpadre enimingado.
Viver é perigoso. A contentação de visar visão boa de pessoa apessoada cofessa pecado excomundado. Fiança na fé que volta em recaminho, quando descaminha, desacredita fé vindoura de qualquer outra venitura. Gratidão esperançada, sujeitada e anteagradecida, se negada, desagraça obrigacionamentos graciosos, anônimos e despensados.
Viver é perigoso, escrever também.

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